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Placa próxima à Estação de Olaria - detalhes em placas no entorno da escola |
“Lá em Vila Isabel quem é bacharel não tem medo de bamba
São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba”
Noel Rosa
A citação acima é trecho da música feitiço da Vila, de Noel Rosa. Noel
utilizava sua arte para criar um enfrentamento
aos que se opunham a seus pontos de vista ou mesmo fazer questionamentos
aos que entendiam ser essa ou aquela música de fato melhor que outras,
sobretudo aquelas de compositores suburbanos. Tantas outras expressões
do pensamento podem também possibilitar que a memória local seja preservada, sendo trazida aos nossos dias e que até mesmo - por que não? - seja posta como verdade
para as gerações futuras.
Nessas minhas andanças me deparei
com uma interessante iniciativa que não e nova nem mesmo musical, mas que agrega
um valor elevado à identificação das ruas na Cidade do Rio de Janeiro, que é a
descrição das figuras que dão nome aos logradouros públicos. É interessante,
para início de conversa, tomarmos como referência o que ocorre na Região da
Baixada Fluminense onde se aliam dois fatos que contribuem para a falta de
identidade local. O primeiro é o baixíssimo investimento na identificação das
vias públicas. O segundo é o quase total desconhecimento de aquém se refere um
determinado nome de rua. Aliando esses
fatores com os constantes Projetos de Lei que modificam os nomes de logradouros públicos, vemos
uma forte contribuição para o esquecimento e a falta de afinidade do morador
com seu lugar, sobretudo os mais jovens.
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João Pilotto - engenheiro lendário em Mesquita, com nome escrito errado |
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Edson Show(pandeiro) e Roque(atrás) ruas com seus nomes |
Uma iniciativa muito interessante
foi a que ocorreu em Mesquita, com o lançamento do Livro Nossas Ruas têm
História lançado em 20011, antecedido de eventos realizados nos dois anos
anteriores, homenageando respectivamente Romildo Bastos e Ambrósio Barbosa,
cada um com uma motivação específica, eventos nos quais participei como pesquisador e produtor. No caso do Romildo, o fator preponderante
foi exatamente seu nome como mudança de rua o que motivou tal iniciativa. A Rua
Pará no Centro de Mesquita, como era conhecida anteriormente, era o ponto de
encontro de sambistas nos anos 80. Muitos bambas do samba por ali passaram,
fazendo daquela rua uma referência de cultura local, tendo esse gênero musical
como foco. Um dos admiradores e também assíduo seguidor das rodas de samba no
local e amigo pessoal de Romildo era o então vereador Rechuem. Através de Projeto
do Legislativo esse parlamentar mudou o nome da rua, homenageando o artista,
sem discussão alguma com a população local, o que causou indignação na
comunidade, não pelo nome que, para muitos, era desconhecido, mas pela falta de
interlocução, o que motivou a realização do evento, quando foram mobilizados
amigos compositores, amigo moradores e a comunidade em geral em uma grande
festa, que trouxe por fim o devido esclarecimento e um entretenimento impagável
por conta do verdadeiro chão de estrelas ali presente.
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Rua Ambrósio - Homenagem aos funcionários da Ludolf |
Em relação ao Ambrósio a
atividade se deu de uma forma mais tranquila em relação a comunidade do Bairro
Vila Emil e mais minuciosa em relação a pesquisa. Sob o ponto de vista do
registro em cartório dos loteamentos, ambos os lados do Município se parecem. As áreas eram registradas já com
nome dos logradouros com nomes escolhidos pelos proprietários. No caso do
Centro, o trecho em que estava contida a Rua Pará apresentava apenas ruas com
nomes de Estados do Brasil. Já na Vila Emil, os nomes de rua do lote em questão
são (supostamente) de antigos funcionários da Olaria Ludolf & Ludolf, onde
a grande maioria das ruas é denominada sem sobrenome.
Um exemplo que demonstra a boa
relação da comunidade com sua rua e a própria história é o que ocorre com a antiga
Rua Uruguai, situada em uma área de encosta onde existia boa parte dos
laranjais do 5º Distrito. Por ocasião da configuração do abairramento já no
novo Município de Mesquita, esse trecho que gerava controvérsia em ser ou não pertencente
ao Centro, foi desmembrado formando ali um novo bairro chamado de Alto Uruguai.
O detalhe é que exatamente a rua que
inspirou a nova nomenclatura recebeu há algum tempo o nome de Edson show, sem
nenhuma consulta prévia à comunidade, ainda que homenageando o compositor que inclusive
era morador daquela rua. Mais uma vez,
uma figura relevante na cultura local é homenageada sem que sejam tomados os devidos
cuidados quanto ao desejo da comunidade.
Tanto Romildo quanto Edson Show,
passando por Roque da Paraiba - outro artista local contemplado como rua
renomeada – não causaram prejuízos relevantes quanto a nomenclatura anterior
das ruas. Há situações mais complicadas como é o caso da Rua Emilio Guadagne,
que anteriormente era chamada de Rua da Sabedoria e em maio de 2008 teve seu
nome trocado para José Montes Paixão.
Memória é trazer verdades históricas para os nossos dias, o que pode ser feito com uma canção oi mesmo uma ação de governo compromissada e focada. Ainda assim, a vontade da comunidade pode e deve ser considerada, de modo a nossa cultura flua sem impedimentos e com a menor quantidade de equívocos possível.
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Veja mais em:
Nossas Ruas Têm História
http://www.mesquita.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2396:exposicao-nossas-ruas-&catid=62:cgp&Itemid=391
http://www.mesquita.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2374:lancamento-foi-um-sucesso&catid=62:cgp&Itemid=391
http://www.mesquita.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1803:rua-ambrosio&catid=213:nossas-ruas-tem-historia&Itemid=479