segunda-feira, 29 de novembro de 2021

MPB E A MÚSICA DE PROTESTO



Em 2020 iniciei um programa transmiido no youtube, chamado Pinta e Compositor, que assumiu a responsabilidade de ponderar questões relacionadas à MPB, corriqueiras nas informais rodas de coversa. Inicialmente a proposta passava por colher audios contendo falas dos próprios compositores, falando de si, enqudnto faço minha abordagem musicologicamente independente. Ocorre que, dessa fez, achei interessante abordar questões relacionadas ao que chamamos ou aprendemos a chamar de Música de Protesto", algo que não ousei fazer sozinho, daí é que surge a oportunidade de lançar mão de minha já tradicional parceria com o músico e produtor cultural Ewerson Claudio, a quem chama de musicólogo sem sem medo de erar. O é um garimpeiro de fatos e curiosidades ligadas à nossa música, o que fez desse papo de aproximadamene uma hora, algo leve e rico. Então, achei interessane oumentar ese enconro didaticamene, postando aqui seus apontametos, feitos para nossa conversa. E para que o pessoal enha oportunidade de acessar a íntegra da onvrsa, segue aqui o link. No mais, é dar uma lida nesse rasunho de idéias que elucida super em o que é, de forma bem ampliada omo é possivel perceber, esse conceito de música de protesto, cuidadosamente aabordado por Ewerson Claudio.


A MÚSICA DE PROTESTE

Tem como objetivo chamar a atenção para um determinado problema (de um país, uma região), seja de origem política, econômica ou social. Ela se manifesta não só através de letras “diretas”, mas também pela crônica, sátira e a crítica a costumes.

No Brasil e na América Latina, a música de protesto cumpriu importante papel na resistência à ditadura militar (1964-1985), mas, mesmo antes, a crítica através da música já se manifestava. A censura (que previamente liberava ou não letras de música, peças teatrais e filmes) aguçou a criatividade artística, que se utilizou de muitas metáforas para driblar a ditadura.

A música de protesto no Brasil se manifesta nos mais variados gêneros e mantém alta qualidade artística, indo muito além do caráter meramente “panfletário”.

Músicas citadas neste episódio:

I – Antes da ditadura

ASA BRANCA, 1947 – Luiz Gonzaga

CIDADE LAGOA, 1959 – Moreira da Silva

“Esta cidade, que ainda é maravilhosa / Tão cantada em verso e prosa / Desde os tempo da vovó / Tem um problema, crônico renitente / Qualquer chuva causa enchente / Não precisa ser toró // Basta que chova, mais ou menos meia hora / É batata, não demora, enche tudo por aí // Toda a cidade é uma enorme cachoeira / E da praça da Bandeira / Vou de lancha a Catumbi / Que maravilha, nossa linda Guanabara / Tudo enguiça, tudo para / Todo o trânsito engarrafa”

CANÇÃO DO SUBDESENVOLVIDO, 1961, - Carlos Lyra e Chico de Assis

“Santa Cruz...hoje o Brasil / Mas um dia o gigante despertou / Deixou de ser gigante adormecido / E dele um anão se levantou / Era um país subdesenvolvido / (...) / O povo brasileiro embora pense, dance e cante como americano / Não come como americano / Não bebe como americano / Vive menos, sofre mais”

II - Na ditadura militar

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES – Geraldo Vandré

ALEGRIA, ALEGRIA – Caetano Veloso

PESADELO – MPB4 (Paulo Cesar Pinheiro e Maurício Tapajós)

CÁLICE – Chico Buarque e Gilberto Gil

APESAR DE VOCÊ – Chico Buarque

O BÊBADO E A EQUILIBRISTA – João Bosco e Aldir Blanc

SAI DA FRENTE, BRASIL - Aldir Blanc & Maurício Tapajós (“O Brasil deixa estar como está / Se organiza é capaz de piorar / Se cobrir vira circo / Se cercar é hospício”)

MOSCA NA SOPA – Raul Seixas

TÁ CERTO, DOUTOR - Gonzaguinha (referência ao Decreto-Lei n.1.077, de 1970, “que estabelecia a censura em relação à moral e aos bons costumes” e à epidemia de meningite no início da década de 1970).

Na América Latina, figuras expressivas como Violeta Parra e Victor Jara (Chile), Mercedes Sosa (Argentina) e Daniel Viglietti (Uruguai), entre outros.

III – Na Nova República

VAI PASSAR – Chico Buarque

QUE PAÍS É ESTE / GERAÇÃO COCA-COLA – Legião Urbana


IV – Anos 2000

ATÉ QUANDO?, 2001 – Gabriel Pensador

A CARNE, 2002 – Elza Zoares

SAMBA DO FIM DO MUNDO, 2013 – EMICIDA

FLUTUA, 2017 – Johnny Hooker e Liniker (“Ninguém vai poder querer nos dizer como amar”)

SAMBA DA UTOPIA, 2018 – Jonathan Silva (“Se o mundo ficar pesado / Eu vou pedir emprestado / A palavra poesia / (...) / Se acontecer afinal / De entrar em nosso quintal / A palavra tirania / Pegue o tambor e o ganzá / Vamos pra rua gritar / A palavra utopia

LADRÃO, 2019 – Djonga

AS CARAVANAS, 2017 – Chico Buarque (“filha do Medo, a Raiva é a mãe da Covardia”)

SAMBA DO TREM, 2017 – Banda Gente (Iolly Amâncio, Wallace Cruz)

HISTÓRIA PRA NINAR GENTE GRANDE, 2019 (Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo e outros) – Samba-enredo da Mangueira

NA CARA DA SOCIEDADE, 2019 – Serginho Meriti e Claudemir / Zeca Pagodinho (“O medo estampado na cara da sociedade / É o rico, é o pobre, é o mesmo perigo / É a bala perdida, é a guerra, é o caos / É a ignorância dos votos nos bons homens maus”)


Ewerson Cláudio de Azevedo

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