sexta-feira, 27 de julho de 2012

Centro Cultural Mr. Watkins - um sonha a realizar




O Centro Cultural de Mesquita, uma reivindicação que tem praticamente a mesma idade do município, está em vias de realização. O terreno, comprado com recursos próprios, carecia de fonte financiadora para a construção, o que para os cofres públicos inviabilizava a obra. A área que pertencia aos Correios e já serviu inclusive como central telefônica, está localizada em área privilegiada, pois, como diz Edson Maciel, secretário de Urbanismo de Mesquita, o centro cultural estará localizado no Centro do Centro da cidade, por se localizar na antiga Rua Barão de Mesquita, bem no centro comercial e dos bancos.

Com a proposta de um prédio arrojado e de vanguarda arquitetônica, a imagem da fachada deve ser no formato de pintura grafitada Segundo Edson. A participação de grafiteiros na pintura da fachada do centro cultural então pode ser o primeiro marco de intervenção artística já na fase de construção.

A principal fonte de financiamento é uma parceira feita com uma ONG internacional ligada à família de Mister Watkins, industrial que investiu na área metalúrgica no então 5º Distrito de Nova Iguaçu, como Mesquita era classificada administrativamente.
Último piso: área para confraternizações

O centro cultural de Mesquita aproveitará ao máximo o espaço físico. Segundo o que se vê na planta, a área total está dividida em Três Lajes. De cima para baixo, O último dos três pisos terá um espaço semiaberto com churrasqueira, remontando o imaginário de laje como área alternativa de lazer nas residências, sendo de fato um espaço de socialização em muitas comunidades.
Segundo piso: espaço  de exposições e setor administrativo
Segundo piso: mezanino, plateia e melhor aproveitamento do espaço
No segundo plano teremos um mezanino com área de visão para o palco e uma parte administrativa com acesso a banheiros e um espaço de exposições. 
Térreo: saguão com mini biblioteca e café/bar
Térreo: acesso principal do público ao palco

O térreo tem hall de entrada, um bar, uma mini biblioteca e um acesso frontal ao palco. A área total tem capacidade para cerca de 200 pessoas confortavelmente, com uma área útil total de mais de quatrocentos metros quadrados nos três pisos. Todos os espaços oferecem acessibilidade para deficientes nos três pavimentos por meio de rampa e elevadores. Em relação aos artistas, é possível ter acesso ao palco via entrada social ou pela área superior, por conta de uma escada caracol postada atrás do palco.

O prédio é de construção simples, o que garante a celeridade da entrega já em dezembro, segundo o secretário de Urbanismo. Um dos objetivos fundamentais é que ali seja um verdadeiro espaço de encontro e de fruição da produção cultural local e até mesmo da região da Baixada Fluminense, exatamente por ser um ponto nobre da cidade e por dar o caráter simbólico que a cultura requer, garantido o aspecto cidadão da Cultura.

A rua Barão de Mesquita
A rua onde estará localizado o Centro Cultural já traz consigo um conteúdo histórico importantíssimo, segundo o que consta do livro Nossas Ruas têm História, do qual tive o prazer de participar. O Barão de Mesquita foi um proprietário de terras nesta Região, muito influente na Corte portuguesa, no período que antecedeu a República.  Já Armando Sales Teixeira foi, em síntese, um especulador imobiliário (grifo meu), influente por ser filho do Ex-prefeito de Nova Iguaçu Manoel Teixeira. Funcionário da Cia. Orácio Lemos, Armando Teixeira foi um dos responsáveis pela venda de lotes da Vila Sta. Terezinha que hoje engloba os bairros de Sta. Terezinha, Centro e Coréia.  
 Linha do tempo 
A partir de hoje vamos fazer uma linha do tempo, com fotos novas a cada semana. assim, você poderá ter uma ideia de a quantas andam as obras no Centro Cultural. Hoje, 20 de agosto, o pessoal da obra concluiu a demolição  do prédio antigo. na próxima segunda-feira teremos outras.


Segunda, 27 de agosto
As fundações começam a ser preparadas es as marcações já estão quase prontas nessa segunda semana das obras.

Marcações e escavações na segunda semana de obras
Segunda, 03 de setembro
Nesta terceira semana e ainda em fase de estrutura, surgem algumas informações importantíssimas em relação ao  Centro Cultural de Mesquita.
A primeira é em relação a transparência nas informações relacionadas à obra. Foi colocada a tradicional placa informativa contendo detalhes quanto ao edital de concorrência, processo administrativo e, sobretudo, custo da obra que apresenta o valor de aproximadamente um milhão e duzentos mil reais.
Outro detalhe relevante, sobre o qual vamos nos deter nesta postagem, é que o Centro Cultural terá como patrono Mr. Watkins, industrial atuante no então 5º Distrito. Como estamos ainda no início das obras, vamos inicialmente elucidar mais um nome, nesse caso o da figura que doravante dará nome ao mais importante símbolo das artes em Mesquita.
informações importantes: custo, fonte dos recursos e nome do patrono  

Wolf White Watkins era um inglês naturalizado brasileiro que viu na indústria seu principal foco de atuação no país. Homem influente e empreendedor, Mr. Watkins não via barreiras para avançar em direção aos que de costume chamávamos de progresso. Em setembro de 1949 o industrial firmava convênio com a então Estrada de Ferro D. Pedro II com a finalidade de escoar sua produção e maquinário. Assim, um desvio na rede ferroviária foi mantida, ligando a SONAREC (Sociedade Nacional Reconstrutora Limitada) à via que possibilitava ligar Mesquita ao restante do Brasil. Entre as atividades da SONAREC a principal era a de manutenção e construção de peças para os trens. Em contrato firmado com a empresa gestora de transportes ele constava como “Diretor-gerente e Chefe Técnico das Oficinas”.


Segundas, 10 e 17 de setembro
 Nessas duas segundas-feiras as obras continuam em fase de estrutura. Segundo o encarregado da atual etapa de obras, deve ser assim durante o restante do mês de setembro. "é a fase mais chata da obra. depois disso, deve acelerar. Sabe como é, "né"? fundação tem que estar firme pra suportar os três pavimentos." diz o encarregado.


24 de setembro a 22 de outubro
Por conta de questões operacionais, tais como espaço útil para trabalho e dificuldades com o terreno, há um atraso no cronograma da obra. “por conta dessas dificuldades, os trabalhos de fundação devem  durar mais uns trinta dias” alegou o mestre da obra.
terreno encharcado - imprevistos no cronograma

Improviso - lentidão por conta das condições de trabalho

Obra e material de construção - área muito restrita
26 de novembro a 10 de dezembro
Como já se previa, de fato a entrega do Centro Cultural Mister Watkins não será feita neste ano. Só agora as primeiras colunas estão sendo erguidas por conta das várias dificuldades. Segundo Alex Oliveira (Engenheiro responsável) as obras devem estar próximo do final lá por meados de março de 2013, caso não haja mais interferências no cronograma.

Contratempos: Aporte de recursos, condições de trabalho e do terreno dificultam obras  
  


Abril de 2014
O ano de 2013 foi marcado por um longo compasso de espera em relação ao Centro Cultural e agora em 2014, com a conquista de um Conselho de Políticas Culturais para nossa cidade, está sendo possível não só discutir mas também acompanhar mais de perto o que se desenvolve em termos de políticas públicas de cultura para Mesquita.

 


As obras estão bastante avançadas, faltando apenas a contra partida da Prefeitura para o acabamento e mobiliário. Nosso desafio agora é a convocação dos artistas da cidade para compor as Câmaras Setoriais, que darão o suporte para a formulação de uma metodologia de gestão para o espaço tão sonhado. Desde já, deixo aqui meus agradecimentos à D. Lili Safra, que vislumbrou na cultura uma forma  lúdica, simbólica e permanente para homenagear seu pai Mr. Watkins, industrial que trouxe muitos empregos para nossa região, sobretudo aos mesquitense, colocando-nos no  topo da cadeia produtiva do Estado durante Décadas. Legítima e merecida homenagem.



Maio de 2014

Agora, com cerca de 90% das obras já concluidas, resta apenas a contrapartida da Prefeitura (cerca de 10% do valor) para que os equipamentos e mobiliários sejam colocados. Resta ainda uma complementação, visando a adequação do entorno do Centro Cutural, o que certamente vai adiar ainda mais a inalguração.


Visão de parte da galeria e palco

Espaço de Convivência - design futurista de bom gosto

Visão da fachada
Dezembro de 2014

A parte externa e fachada já estão prontas, restando agora as adequações do entorno, sem definição ainda de uma data para inauguração. Foi feito um aditivo de recursos que possibilitou enquadrar inclusive melhorias nas ruas ao redor do Centro Cultural. A novidade é o fato ter vinculado o Centro Cultural Mr. Watkins à Secretaria de Educação, sem a possibilidade de atuação de agentes culturais e artistas em agenda que não seja diretamente de cunho educacionais, dentro dos parâmetros da Educação Básica. Tal fato vem gerando uma série de encontros entre Conselho de Cultura, Câmara de Vereadores e secretaria de Educação, no sentido de tentar reverter tal limitação no uso daquele espaço tão esperado.


Fachada pronta e obras do entorno em andamento
Decreto nº. 1546 de 21 de outubro de 2014 - Centro Cultural foi pra Educação

26 de junho de 2015
  
Hoje o dia foi de corrigir detalhes nas obras do entorno e na área interna do CCMW que já está inclusive com o letreiro da fachada. Alguns detalhes positivos e negativos me saltam aos olhos logo na chegada.


Rede elétrica instalada e letreiro já colocado
O aproveitamento do terreno foi algo bastante positivo, no sentido que uma área pequena e restrita pode atender todas as necessidades do projeto básico.


Galeria - não contempla área pra som e luz
São duas áreas de plateia, sendo que a superior também deveria contemplar um espaço para operadores de áudio e luz, com seus respectivos equipamentos, o que aparentemente não está disponíbilizado.


Visão frontal do palco - pouco espaço cênico
Visão da lateral - as cadeiras da direita não têm visão do palco

Logo de cara é possível ver a limitação do palco, que tem quase um terço de sua área tomada pela escada "caracol" que vai até o erceiro piso e o elevador de acesso para deficientes.


Elevador - sem utilidade em caso de falta de energia


 Opção ideal seria a instalação de rampa de acesso devido a pouca inclinação, o que daria autonomia à pessoa de mobilidade reduzida.
Primeira fileira da galeria - muito estreito

Na galeria, a primeira fileira com cerca de vinte cadeiras, com espaço muito curto em relação ao alambrado de proteção. 
Terceiro piso - lindo espaço
 Ese vão livre no terceiro piso dá acesso ao palco. Com uma escada em formato de caracol, o acesso descoberto pode molhar a área interna pois, em caso de mal tempo, não pode ser acessado. Por ser uma área aberta, no verão pode ficar pouco útil por ser descoberto.


Rua com o nome do patrono do Centro Cultural
A Rua Mr. Watkins fica no trecho onde esse grande benfeitor tinha sua fábrica e peças para ferrovia. Por conta dos benefícios em relação ao então 5º. Distrito de Nova iguaçu que inclui também a construção do Tênis Clube de Mesquita, vemos uma justificativa bem plausível para a imposição de D. Lili Safra em fazer melhorias no entorno do centro Cultural.
Arborisação do entorno - imposição de D. Lili Safra
No conjunto das coisas, vemos que a execução das obras e a entrega desse espaço simbólico é de extrema importância para o município de Mesquita. A participação da população e sobretudo dos agentes culturais e artistas da cadeia podutiva da Cultura em nossa Região da Baixada Fluminense. Dito isso, pelo fato de que um espaço dessa natureza vai contribuir para fazer com que Mesquita torne a ser referência cultural inclusive para os municípios do entorno.

30 de junho de 2015

Fui realizada a inauguração do Centro Cultural Mr. Watkins, com ressalvas importantes quanto a participação popular no evento, que ocorreu de forma privada e, segunda a Secretária de Educação Áurea Lobo, assim ocorreu por determinação da Fundação financiadora dos recurso utilizados para execução das atividades naquele espaço. Segue postagem extraída do site da Prefeitura de Mesquita sobre o evento.


Professores de música e Educação artística garantirão as atividades  

Conselho de Cultura preterido: não houve convite formal para a solenidade

Segundo informado pelo administrador do Centro Cultural, não existe ainda um plano de participação dos artistas locais na programação do espaço, contrariando o desejo dos artistas e agentes culturais do município, que defendem a ideia de uma agenda prioritariamente de acesso aos artística e agentes culturais da região, com transversalidade educacional, haja visto que a manutenção do vínculo com a Secretaria de Educação é um desejo do Governo Municipal em detrimento do que a classe artística pleiteia.
Com um quadro funcional  bastante qualificado no que se refere à transversalidade entre educação e artes, será utilizado esse pessoal para dar vida útil ao CCMW, dando acesso aos alunos da Rede Pública Municipal, fazendo circular sua produção artística sem, no entanto, produzir interação significativa com os artistas locais, bem como conhecimento da amplitude dos bens culturais do município de mesquita e região.

http://www.mesquita.rj.gov.br/?p=20405


17 de agosto de 2015

Foi publicado em Diário Oficial do Município de Mesquita a primeira nomeação referente à gestão do CCMW. O servidor Rogério Castro é Arte Educador da Rede Municipal de ensino desde 2006 e o primeiro administrador desse espaço que tem como virtude ter um servidor de carreira, responsável por gerir esse espaço e sua decorrente programação. 


Rogério Magalhães Castro, à frente do CCMW

terça-feira, 24 de julho de 2012

Dia do Jongo será comemorado no Capanema

Texto de Rita Diirr


O primeiro aniversário da instituição do Dia Estadual do Jongo será comemorado no sábado, 28 de julho, a partir das 14 horas, no Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro.

O evento terá participação especial das comunidades jongueiras da região Sudeste, cujas lideranças dissertarão sobre as conquistas que vêm sendo obtidas com a crescente valorização dessa manifestação cultural. A animação ficará por conta de muitas rodas de jongo que se formarão ao longo da festa.

Registrado pelo Iphan, em dezembro de 2005, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o jongo da Região Sudeste é também conhecido como tambu, tambor e caxambu.  Herança cultural dos grupos bantos da África
Meridional, o jongo é uma forma de expressão afro-brasileira que integra percussão de tambores, canto e dança coletiva e está presente em todos os estados do Sudeste brasileiro por ter sido praticada por escravos nas fazendas de café, entre os séculos XVI e XIX.

As comemorações do Dia Estadual do Jongo são, este ano, fruto de parceria entre o MinC, Pontão de Cultura do Jongo Caxambu, Iphan, Comissão de Cultura da Alerj, Fundação Palmares, IAB - Instituto de Arqueologia Brasileira e as prefeituras das comunidades envolvidas.

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Contatos:  rita.diirr@gmail.com

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mesquita e a cultura que queremos para 2013


Eu como cerimonialista da II Conferência, o então presid. da comissão de cultura da ALERJ Alessandro Molon, Delmar cavalcante, Taffarel, Artur e Sonia Biana

Neste 06 de julho de 2012 teve início a corrida eleitoral nos mais de cinco mil municípios do Brasil. Aqui na Baixada Fluminense tenho acompanhado e entregue, na condição de produtor musical, um número significativo de gingles de campanha, o que tem apresentado um indicador importante. Ao perguntar aos candidatos quais os argumentos e propostas deveriam entrar nas músicas, a maioria deles pára e pensa por alguns bons minutos antes de apontar de forma minimalista a tão famosa dupla saúde e educação como mote de campanha, até que algo mais consistente surja e em muitos casas nem surge. É fato que uma música de campanha tem como principal finalidade fixar na mente do eleitos o fundamental: nome e número do candidato. No entanto, fica claro que a grande maioria sai a caça de votos sem ter efetivamente o que defender caso eleito.  A mim, cabe trazer à pauta da hora o que tem sido fonte de discussão desde o lançamento deste blog: QUEM DEFENDE A POLÍTICA MUNICIPAL DE CULTURA.

Em 19 de maio de 2008 foi protocolado e apresentado no Plenário da Câmara de Vereadores o Projeto de Lei que cria o Plano Municipal de Cultura, que garante a fluência dos bens culturais em Mesquita. Questões como a criação do Sistema de Cultura que abrange Conselho, fundo e plano municipais de cultura vêm sendo debatidos desde então, além de discussões sobre vale cultura, organização de grupos de cultura popular, inclusão digital, passando por discussões sobre direito a memória e a definição do Hino da Cidade. Alguns pontos referentes a gestão da Cultura em Mesquita constam no plano de trabalho de Samuel de Mesquita. No entanto, segue um aprofundamento no que já fui discutido nas Conferências Municipais de 2008 e 2009, bem como o que já vem desde a o encontro Cultura e Cidade, já apresentado neste blog.

CULTURA EM MESQUITA - DE ONDE ELA VEIO, PRA ONDE ELA VAI
Professor Adair Rocha, representante do MinC na II CMC Mesquita

O MinC - Ministério da Cultura em cumprimento à Emenda Constitucional nº 48 no ano de 2005, sistematizou o Plano Nacional de Cultura que estabeleceu diretrizes para as Políticas Públicas de Cultura sobre três pilares fundamentais: dimensão simbólica, dimensão cidadã e dimensão econômica. sob esses aspectos norteadores toda e qualquer ação governamental podem com clareza se aproximar da realidade local. 

Dimensão simbólica da Cultura
Neste mês de julho a UNIESCO  declarou a paisagem do Rio de janeiro como Patrimônio Cultural da humanidade. "Uma imagem vale mais que mil palavras", já se ouve desde sempre, reafirmando que algumas paisagens são diretamente associadas tanto ao povo quanto ao lugar onde vivemos. assim, a questão do meio ambiente no sentido amplo da palavra reflete muito de nossa identidade e, como ocorre com tudo que é belo, é a valorização pessoal refletida no cuidado que traz a beleza necessária para valorização da cultura local.
Um outro aspecto dessa dimensão simbólica é o que diz respeito  as expressões de grupos de Cultura Popular. existe muita divergência quanto ao conceito de cultura vinda do povo. No entanto, de um modo geral isso se reflete em tudo que se aprende, no que se ensina e no que se crê. Assim, todo ser humano é cultural e em muitos casos a cultura cria símbolos imaterias que podem ser percebidos em manifestações populares específicas dentro de uma determinada comunidade. Na Baixada Fluminense o melhor exemplo que temos é o dos grupos de Folias de Reis. Manifestação cultural de origem portuguesa que se utilizam de trechos do evangelho para contar a saga dos Reis do Oriente na busca pelo Cristo, história adornada por batuques e danças de matriz africana. É uma expressão cultural que reflete o sincretismo religioso e a forma como o povo brasileiro demonstra sua fé. No bairro da Chatuba em Mesquita onde encontramos a Folia mais antiga com 140 anos de existência, vemos inclusive os palhaços da folia inserindo passos de funk nas coreografias, o que reflete o modo particular com o qual um grupo local expressa uma linguagem global.

Dimensão cidadã da cultura
Resumidamente, entendemos como cidadania o acesso que um cidadão tem à uma vida social plena. Se uma criança cresce sem uma certidão de nascimento ou qualquer outro documento de identidade dizemos essa criança não é plenamente cidadã pois sem uma documentação mínima não se pode acessar os serviços essenciais ou exercer os direitos aos quais todo brasileiro faz jus. Cidadania cultural então compreende a plenitude do acesso  aos bens culturais que fluem no meio em que vivemos.
Muitos teóricos concordam que é o estado quem deve garantir o acesso aos bens culturais ao cidadão, exatamente por ser o poder público quem zela pelas estruturas públicas, logicamente. Quando se discutia o passe livre para estudantes da Rede Pública de ensino no Estado do Rio de Janeiro, o que estava no centro dos debates não era apenas o ir e vir da escola mas a possibilidade desse aluno poder acessar uma biblioteca, ir a um cinema ou mesmo passear, ampliando sua visão do mundo, o que não era possível sem o mínimo de condições de mobilidade devido as limitações de renda da maioria da população, o que o livre acesso aos meios de transporte poderia resolver facilmente. 
Ex-ministro Gilberto Gil diz que "o ser humano é humano por que produz cultura". No entanto os números do MinC (Ministério da Cultura) são alermantes:

No Brasil, mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatros, museus e espaços culturais multiuso. Decorre daí o fato de que apenas 13% da população freqüentam cinema alguma vez por ano; 60% nunca assistiram a um filme em sala de exibição; 92% nunca foram a um museu; 93,4% jamais foram a uma exposição de arte. Quando se trata de leitura, também há muito que se avançar: o brasileiro lê 1,8 livros por ano, enquanto os colombianos lêem 2,4, e os franceses, 7.

Tais indicadores nos levam a acreditar que sim. É possível avançar a nível municipal, contrariando dados tão duros em relação ao acesso àquilo que é produzido tão perto de nós no que tange a produção cultural. Porém, para que os interesses coletivos sejam realmente compreendido é necessário participação popular nas ações culturais. E isso é possível através do conselho Municipal de Cultura, que é um grupo coletivo e propositivo, inclusive com a atribuição de acompanhar e determinar onde devem ser investido o orçamento da Cultura de uma Cidade, facilitando então o acesso à dita Cidadania Cultural.

Dimensão econômica da cultura
Os números apresentados no tópico anterior são a ponta oposta desta discussão sobre a dimensão econômica da cultura. Ainda que a Petrobras sozinha financie hoje mais de 80% dos projetos culturais no Brasil, vemos concentrados nas grandes metrópoles esses investimentos, sobretudo no eixo Rio/São Paulo e não é por falta de dinheiro que os artistas e produtores não acessam os recursos mas sim por falta de qualificação técnica. No ano passado, em discurso na posse de Sergio Mamberti como presidente da FUNARTE, a Senadora Ideli Salvatti apresentou números que colocavam a chamada Economia da Cultura no mesmo patamar de arrecadação do PIB que a construção civil. Para que se tenha ideia, para a montagem de uma peça teatral de médio porte são necessários iluminadores, sonotécnicos, eletricistas, carpinteiros, maquiadores, cenógrafos, músicos entre outras variantes, de acordo com cada espetáculo.    
Um município, ainda que tenha a infra necessária para a construção de um teatro, pode lançar mão de parceira com espaços privados ou até alternativos como linas de circo, caminhões adaptados ou até mesmo a praça. cabe ao poder público criar dispositivos legais que garantam a fruição de recursos financeiros de maneira transparente e participativa, como é o caso do Fundo Municipal de Cultura. Com ele, artistas, produtores ou grupos de cultura popular da cidade podem acessar recursos no formato de Micro Projetos para montagem de espetáculos, shows ou atividades de capacitação, possibilitando uma maior visibilidade do fazer artístico e consequentemente garantindo autonomia dos agentes culturais locais.

Fomento à organização social da Cultura
No último encontro do Cultura e Cidade em 2005, estava consolidada a ideia de  fóruns setoriais permanentes no campo da Cultura. em 2008 houve a separação entre Educação e Cultura em Mesquita que, em decorrência disso, realizou a I Conferência Municipal de Cultura com um caráter meramente festivo, haja visto que o evento ocorria nos primeiros meses da instalação da Secretaria. Já a II Conferência Municipal de Cultura realizada em 2009 foi de fato propositiva. Foram utilizados como referência os eixos temáticos do Encontro Nacional de Cultura daquele ano como forma de dar orientação, podendo ser adaptados os pontos municipais discutidos em grupos de trabalho. 
Daquele encontro foram tiradas algumas deliberações para serem postos em prática. São eles:
Produção Simbólica e Diversidade Cultural
1 - Buscar parcerias que invistam em tecnologia que democratize o acesso a internet a baixo custo bem como a gratuidade nos bairros de menor IDH dentro do município;
2- priorizar a criação de projetos voltados para a compreensão e fortalecimento da diversidade cultural de Mesquita e da Baixada Fluminense, considerando as várias influências existentes;
3 - Criar mecanismos de fortalecimento das ações dos movimentos de identidade culturais de forma pedagógica na rede pública de ensino no município, seja ela Municipal ou Estadual;
4 - Intensificar a proposta pedagógica de conhecimento da história da Cidade de Mesquita na grade curricular do Município;
5 - Fomento a ações culturais que conscientizem a população sobre a preservação ambiental e a paisagem urbana; 

Cultura, Cidade e Cidadania
1 - Criação do conselho municipal de cultura;
2 - Criar pólos culturais nos bairros para debates, encontros e apresentações artísticas nos moldes dos Pontos de Cultura;
3 - Garantir aos alunos da rede pública transporte para eventos culturais do município e fora dele, que possibilitem seu desenvolvimento intelectual; 
4 -  Potencializar com critérios claros a ocupação dos espaços públicos com atividades dos diversos movimentos culturais locais;

Cultura e desenvolvimento sustentável
1 - Criação de projetos que visem o desenvolvimento turístico cultural ou religioso na área de proteção ambiental (apa) de modo sustentável, mantendo o equilíbrio ecológico;
2 - Criação e implementação de lei de incentivo fiscal para comercio, prestadores de serviço e indústrias do município, no sentido de incentivar parcerias com os movimentos culturais e artísticas locais;
3 - Criar núcleo permanente municipal de assessoria técnica e administrativa em gestão cultural e capacitação para captação de recursos;
4 - Criação de programas de micro-crédito para aquisição de equipamentos, através de parcerias ou convênios com entidades financeiras, para empreendedores e/ ou movimentos culturais;

Gestão Institucional da Cultura
1 - Instituir concurso público para servidores de cultura para atuarem na área de: produção cultural, patrimônio cultural (historiador), e outros afins;
2 - Dar caráter deliberativo ao Conselho de Cultura, tornando-o o principal interlocutor entre sociedade civil e poder público no campo da Cultura;
3 - Desenvolver critérios democráticos a partir do Cadastro Cultural do Município, para seleção e participação de artistas locais nos grandes eventos da cidade;
4 - Garantir mínimo de 1% de verba orçamentária municipal para a cultura;
5 - Criação do Centro Cultural da Cidade;
6 - Constituir Editais anuais de fomento artístico-cultural.

Essas foram as deliberações dos diversos seguimentos da sociedade civil e Governo Municipal na II Conferência de Cultura em 2009, que vão de encontro aos ditames da Conferência Nacional e do Plano Nacional de Cultura. Acredito que a discussão levantada aqui possa contribuir para o encaminhamento das propostas nesta campanha eleitoral e para que se construa uma política de Cultura consistente para 2013 na cidade mais nova do Brasil e até mesmo como contribuição para os demais município da Baixada Fluminense.