sexta-feira, 30 de outubro de 2020

PROJETO OS NOVOS DA FOLIA

Capa do projeto


O PROJETO OS NOVOS DA FOLIA, que conta com material de áudio, vídeo e iconográfico do CENTRO DE CULTURA POPULAR DA BAIXADA FLUMINENSE, foi realizado com recurso do Fundo Estadual de Cultura e reuniu parte do acervo de vídeos e fotos, abordando as práticas das folias de reis na região da Baixada Fluminense, tendo como referência a atuação dos jovens foliões. Assim, o título apresenta a proposta do trabalho, tendo as crianças e jovens como protagonistas, ainda que sob orientação de seus mestres e mestras mais velhos. O presente projeto foi executado através da exibição de 04 vídeos de curta metragem, abordando recortes que a pesquisa feita nos últimos dez anos considerou de maior relevância. 
O primeiro, “Abertura”, tem caráter de apresentação tanto das ideias contidas no contexto histórico e antropológico das folias de reis, bem como justificativa quanto a relevância do projeto. 
O Segundo, “Crianças”, discute as relações de influência que motivam o engajamento dos pequenos foliões, ressaltando sua importância quanto a formação, renovação e preservação da folia de reis. 
O terceiro episódio, “Máscaras”, apresenta essa peça da indumentária do palhaço da folia, no contexto global de construção de um personagem, além de apresentar aspectos inerentes ao seu simbolismo no reisado. 
O último episódio, “Bateria”, coloca esse segmento musical no contexto dos cortejos culturais, abordando também as peculiaridades dentro do reisado, no sentido que a atuação de seus componentes obedece a critérios quase que litúrgicos, considerando que cada momento da chamada “saída” da folia contará com variações rítmicas bem específicas. Cabe observar que os vídeos contidos no projeto OS NOVOS DA FOLIA apresentam recortes temáticos que não dão conta da diversidade de aspectos, além da peculiaridade inerente a cada folia, no universo do reisado, que difere de região para região e até de um núcleo familiar em relação ao outro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

AROLDE DE OLIVEIRA E A NATUREZA, DANDO SEU RECADO

 

Senador, Arolde de Oliveira morre aos 83
 anos (foto: Wikipedia)


Fui pego de surpresa hoje pela manhã, com a noticia da morte dessa figura histórica em nosso país, vítima dessa pandemia, tão ignorada e minimizada por ele E seus tantos alunos. Conheci Arolde de Oliveira no inicio dos anos 80, quando era um adolescente que começava a entender a grandeza da música e a autoridade que ela me oferecia, quando atuava no “louvor a Deus”.

Um dois pioneiros da fé aliada a cultura como forma de alcançar poder político e financeiro, Arolde sempre foi um símbolo de liderança entre os membros das igrejas batistas já naquele tempo, emprestando a seus “irmãos” o status de seres pensantes, em meio a crescente onda neopentecostal.

Fundador da Rádio El Shaday - fenômeno de audiência (foto: site oficial)

Seu pioneirismo nas rádios evangélicas logo o elevou a deputado federal, ainda na década 80, tendo sua filha Marina de Oliveira (cantora) como voz que consolidava sua condição de liderança, enquanto se aliava ao que o Brasil tem de pior no Congresso Nacional, em contraponto com seu tradicional bordão “Unidos pelo amor, construiremos um Brasil melhor”.

Formação militar, estrategista de formação (foto; Pleno News)

Influente nas comunicações, Arolde de Oliveira tem sua formação militar na AMAN e IME, aprendendo em sua formação de oficial do Exército o que significa ser estrategista. Ele criou um modelo de linguagem entre os evangélicos, tendo a música como veículo de comunicação de massa, consolidando linguagem e estética próprias, trazendo para o nosso país o termo “Gospel”, aos antigos “corinhos”, que tinham caráter meramente litúrgico.

Com a filha Marina de Oliveira: criação do Gospel, no Brasil (foto: site oficial)

Agora, com um potente mecanismo de comunicação de massa, tendo a música como forma de horizontalização de um discurso evangélico, esse líder cristão consegue romper as barreiras doutrinárias que separavam as denominações, sobretudo a diferença existente entre pentecostais e as denominações ditas “tradicionais” (presbiterianos, metodistas e batistas). Agora, “unidos pelo amor”, Arolde de Oliveira cria um modelo de comunicação cristã, que influencia a criação de um incontável número de rádios evangélicas, de onde saem intérpretes de sucessos musicais que circulam milhares de igrejas do país, com um glamour que em nada perdem para grandes sucessos da MPB. Inclusive, tais artistas gospel acabam por influencias o discurso de um grande número de artistas populares, graças a sua forte penetração também em veículos de comunicação laicos.

Arolde de Oliveira morre então senador da República com seu sonho realizando, que é a unificação de discurso em prol de uma mentalidade religiosa e fundamentalista. A única grande e intransponível barreira que essa lenda não superou foi a da natureza. A Covid 19, com sua verdadeira prática horizontal, não poupou quem enfrentou a máxima bíblica: “quem está de pé, cuidado para que não caia”.