segunda-feira, 13 de julho de 2015

OS NOVOS DA FOLIA


Crianças acompanham a Folia Sete estrela do Rosário de Maria-Mesquita,RJ 

D. Preta e Mestre Juninho: 
gerações extremas de mestres de Folia
Os jovens são a garantia de futuro das Folias de Reis. No entanto hoje os critérios de adesão são diferentes de como eram há décadas, quando as crianças participavam durante determinado tempo em cumprimento de alguma promessa feita por seus pais ou até mesmo tradição familiar. Entre os palhaços das folias, a crença era que deveriam participar durante sete anos no mínimo, o que naturalmente mudou, sobretudo a partir da ausência dos mais antigos e as práticas aplicadas pelos novo mestres do reisado, como Mestre Juninho, da Jornada "A Brilhante Estrela Dalva". Ele que é também artesão fazedor de máscaras, morador da Baixada Fluminense, agora está à frente de sua bandeira, que parte do bairro da Penha-RJ

A figura do palhaço é a que exerce maior atração sobre os meninos. Sobretudo hoje quando não se leva tanto em consideração a crença de que, quem não veste o palhaço durante sete anos seguido, pode ser acometido de algo fatal, vemos que há uma maior permissividade por parte dos pais em relação à participação dos pequenos entre esses foliões. Sobretudo no que se refere à crença formação familiar, notamos que, entre os palhaços é comum ver jovens que demonstram sua fé através de religiões de matriz africana. Sobretudo esse aspecto da quebra da hegemonia religiosa cristã pode, inclusive, ser entendido como maior avanço. em se tratando das tradições familiares dos foliões que, historicamente, professaram a fé cristã.
Palhaço descansando: Menino com guia de Obaluaê 

Em relação às meninas, quando muito pequenas, em sua maioria integram um pequeno grupo de anjos, que é postada diante do cortejo, enquanto na bateria, meninas maiores iniciantes tocam os instrumentos mais leves como caixa, chocalho e cavaquinho, o que não impede que as mais resistentes toquem instrumentos mais pesados, como bumbo. Hoje é possível ver, sobretudo na região Metropolitana do Rio, algumas meninas na função de "produtoras" das folias, responsáveis por administrar páginas e contatos via Watssap. 


No que se refere aos adolescentes à distribuição é um pouco mais homogênea. No entanto, vemos que na Região da Baixada Fluminense as performances dos palhaços são calcadas em acrobacias e danças que em muito lembram o chamado “Passinho”, dança ligada à cultura funk. Quanto estética pessoal, a vaidade é algo muito comum. Integrando a bateria ou conduzindo a bandeira de cada Folia e até mesmo entre os rapazes, vemos uma grande preocupação da imagem pessoal nos cortejos. 
Vaidade à mostra: Brinco, sobrancelha feita e o famoso corte Talibã

Uma virtude fundamental nesse contexto é a existência de um bom número de jovens artesãos que confeccionam as mascaras e paramentos dos palhaços. Com um altíssimo potencial criativo, materiais diversos são utilizados na feitura das máscaras, haja visto que em sua grande maioria os meninos são oriundos de famílias de baixa renda, o que em nada limita a criatividade dos mesmo. Nesse caso, a limitação quanto ao acesso à matéria prima acentua o nível de qualidade, em relação aos recursos. como no exemplo de Luciano, que faz máscaras desde seus 14 anos.


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