sábado, 23 de abril de 2011

Mesquita prepara seu Sistema Municipal de Cultura

O Sistema Nacional de Cultura preconiza que todos os Municípios interessados em receber recursos do Fundo Nacional de Cultura, devem elaborar e implementar seu Sistema Municipal. A Secretaria de Cultura de Mesquita está retomando as discussões sobre o Sistema Municipal de Cultura. As deliberações que servirão de referência, já foram dadas pelas duas Conferências Municipais já realizadas (25 a 27 de abril de 2008 e 16 e 17 de outubro de 2009), onde eu participei como consultor e diversos seguimentos da cadeia produtiva da Cultura na Cidade se fizeram presente, contribuindo significativamente para os objetivos preconizados pelo Ministério da Cultura, sociedade civil e agentes culturais de Mesquita.

Tive o privilégio de acompanhar as discussões que geraram a última edição do texto que originou o Plano Nacional de Cultura apresentado no Congresso Nacional, bem como a apresentação do texto final do Sistema Nacional de Cultura, no Salão Gustavo Capanema - FUNARTE. Agora, um ano e meio depois da última Conferência Municipal, nosso dever é acompanhar junto à Secretaria os desdobramentos, já que pretendemos entregar à nova Gestão Municipal um Município que olhe para si e goste do que vê. Essa cara que ainda está para se formar depende do nosso acompanhamento.

Segue abaixo o link do Ministério da Cultura onde é possível baixar o Manual de Elaboração do Plano Municipal de Cultura, de maneira que os Municípios se alinhem ao que preconiza o Sistema Nacional.

http://blogs.cultura.gov.br/snc/2011/01/19/guia-de-orientacoes-para-os-municipios/

Para maiores informações em relação a quantas andam a elaboração do texto, procure a Secretaria Municipal de Cultura de Mesquita: 2696-2650 ou pelo emailcultura@mesquita.rj.gov.br

Um abraço,

Ivan Machado


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Em Mesquita, Espetáculo CORINA, UM SONHO DE LIBERDADE



No dia 29 de abril, às 15h30, na Sala de Cinema Zelito Viana, Anexo à Prefeitura de Mesquita (Centro), única apresentação do espetáculo: Corina, um sonho de liberdade, inspirado na Lei Maria da Penha. Após o espetáculo haverá um debate.

No elenco: Adriana Rolim, Lorena de Angola e Tati Campos

Espetáculo de Ricardo Andrade Vassíllevita

Informações: 2797-2054

Entrada franca!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Cultura e Comunicação – Algo mais que simples interface


(por Álvaro Maciel – Rio 13/04/2011)

Hoje recebi do meu chará, Álvaro Neiva, um email informando que o Setorial de Comunicação e Cultura do PSOL lançou o seu blog, http://psolcomcultura.org/,
que trará informações sobre o cenário da luta pela democratização da comunicação e cultura no Brasil, divulgará atividades dos movimentos da área e pode, ainda, debater outras questões importantes a conjuntura nacional e internacional, a partir de sua interface com a comunicação e a cultura.
Em primeiro lugar não vamos confundir Comcultura do Psol com o ComCultura - Comissão Estadual de Gestores Públicos de Cultura do Rio de Janeiro - da Maria Amélia, Marta Fonseca, Sônia Cardoso, Cleise Campos, Roberto Corbas (em memória) e tantos outros.
Esse email quase me passou batido, não fosse a sigla Psol ali me informando que há outras militâncias ativas e que esse momento “pós Lula” tem algo de diferente no ar, quanto às relações intra e inter-partidárias.
As atividades promovidas pelos movimentos sociais de forma simultânea nos leva ao convívio democrático com lideranças de diversos partidos. As Redes estão aí, disponíveis. Não obstante tenho dito que o simples uso da tecnologia não significa avanço nas relações sociais, podendo até, em alguns casos, significar retrocesso. Quando os “movimentos”se reúnem, através dos mais variados fóruns e atividades, promovem o encontro de militantes de partidos diferentes e também representantes da sociedade civil.
O resultado é a possibilidade de maior diálogo entres as bases desses partidos, fenômeno que poderá se multiplicar e ganhar uma força jamais vista na história do país. A inclusão digital, mesmo lenta e problemática, somada ao acesso a celulares e afins, formam um conjunto de canais de comunicação cuja força já começa a transformar algumas estruturas políticas existentes. Uma delas são os debates de Cultura e Comunicação, que hoje se espalham por todos os estados da Federação. Juntos, esses campos proporcionam novos rumos para o debate e o surgimento de propostas mais abrangentes e com força política redobrada.
Algo mais que simples interface: hoje, a grande maioria dos participantes desses foruns, afirma que a democratização da Cultura perpassa pela democratização da Comunicação e vice versa. A expressão “fortalecimento da democracia” poderia ser substituída por “fortalecimento e promoção do diálogo entre partidos políticos e os movimentos sociais”, onde Cultura e Comunicação são fundamentais. Tomara que os dirigentes partidários redescubram o verdadeiro valor das bases da militância, conceito um tanto quanto fora de moda, ultimamente.
Abraços Culturais

Alguns membros do Setorial de Cultura do PT/Regional RJ
Álvaro Maciel é o atual Secretário Estadual de Cultura do PT/RJ

sexta-feira, 8 de abril de 2011

CIDADANIA CULTURAL - discussões desde antes da Emancipação

Flyer do Cidade e Cultura para divulgação
Matéria de periódico sobre o Cidade e Cultura


Um dos encontros do Café Filosófico no Bar do Rochinha
O ator Chico Diaz participou da edição 2007

Desde antes da Emancipação de Mesquita existia a necessidade de um foco local para as políticas que nos levariam a uma gestão pública de cultura que nos contemplasse. Muitos grupos artísticos organizados na forma de Movimento Cultural se faziam representar ao longo de décadas, desde o então 5º. Distrito de Nova Iguaçu. Entre os grupos que aqui atuavam, tínhamos Campanha contra a Fome Cultural, Agito Cultural, Biblioteca Comunitária Oscar Romero, Foila Sete Estrelas do Rosário de Maria, entre outros.
No início deste Século 21, muitos jovens se mobilizaram no sentido de fazer arte popular. Após a Emancipação, o MACA e Setor BF, por exemplo, se juntaram aos mais antigos grupos de cultura popular para fazer valer sua história. Uma estratégia que deu muito certo foi a parceria com a Casa da Cultura de S.J. Meriti e trazer o já bem sucedido CAFÉ FILOSÓFICO que já rolava por lá há mais de um ano, onde era possível debater a  cultura e sua influência sobre a cidade. Muitas figuras interessantes passaram pelo CAFÉ em sua agenda mesquitense, incluindo aí diversas parcerias institucionais tais como UFRJ, Fundação Rosa Luxemburgo (Alemanha), ComCausa, MAB e, sobretudo a FASE, que tem como diz dos ditames de sua missão exatamente isso “Contribuir para a construção de uma sociedade democrática através de uma alternativa de desenvolvimento sustentável”.
Uma segunda atividade muito bem sucedida em decorrência do CAFÉ, foi o encontro denominado CIDADE E CULTURA, ocorrido em dezembro de 2005. Naquele encontro, doze grupos artísticos de Mesquita e outros tantos de toda a Baixada Fluminense se fizeram presentes, contribuindo para o entendimento de quais seriam seus anseios e planos para sua Cidade, um ano antes do início dos trabalhos que levaram a elaboração do Plano Nacional de Cultura. Um diagnóstico das situações/problema e os devidos encaminhamentos, foram encaminhados aos gestores municipais da época, num momento em que a existência de uma Secretaria Municipal de Cultura, bem como sua importância não eram bem claros na quase totalidade da Baixada Fluminense.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mesquita e o direito a Memória

Venho mantendo contato com duas senhoras, moradoras de Mesquita desde que nasceram, que me propiciam importantes e deliciosas conversas sempre que possível. São elas Dininha Provençano e Sidorema Rodrigues, ambas nascidas logo no início dos anos trinta. Ambas filhas de imigrantes, os quais contribuíram grandemente para o desenvolvimento local, logo após o declínio do rico ciclo da laranja na Região. A primeira,filha mais nova de Vicente Provençano. Comerciante, iniciou suas atividades locais com seus fornos de carvão, graças a abundância de eucaliptos na área onde hoje temos o Bairro Vila Emil. A segunda, Filha de Manoel Rodrigues. Um artífice que, em parceria com o engenheiro Antonio Pilotto, desenvolveu as primeiras estruturas de entretenimento da cidade, como o Cine Beija-flor e posteriormente a piscina do Tênis Clube de Mesquita. Esses últimos citados foram imigrantes que preocupavam-se em reafirmar como brasileiros, mas também contribuíram significativamente com o estabelecimento de uma cultura local. A estética de suas residências é idêntica a de casas populares do início do século passado em Portugal, seu país de origem. Outra característica dessas casas é o uso de imagens dos santos de devoção de cada núcleo familiar, postadas bem à frente e acima da varanda, sempre em formato de ladrilhos pintados a mão, em sua maioria. O pesquisador e ex-presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural-INEPAC, Marcus Monteiro comenta da seguinte maneira o tema: 

No inventário [do patrimônio histórico] de Nilópolis, registramos a presença de centenas de registros de santo e painéis, tudo em azulejo, datados da década de 1930 até a atualidade. Observamos também que a grande maioria foi fixada em moradias de famílias portuguesas, não sendo isso entretanto, uma regra. Em toda a baixada, como também no subúrbio carioca, a ocorrência desses registros é muito comum e sua origem remonta ao século XVI. Foram utilizados, nos séculos XVII e XVIII nas igrejas e mosteiros, em Portugal e Brasil. No século XIX saíram de moda, sendo substituídos pelos de tipo padrão. Em princípios do século XX, ressurgem em Portugal, sendo exportados para o Brasil, e a partir da década de 1930 passam a ser fabricados aqui. Esses registos, além de demostrar a devoção do morador, serve também, segundo os fiéis, para proteger o lar dos infortúnios e das doenças. Aqui em Nilópolis, por sua beleza e significado, eles receberam um capítulo à parte na publicação que estamos elaborando. 

Outros aspectos do desenvolvimento local abordaremos mais a diante.

Ladrilho com imagem de N.S. das Graças, Padroeira de Mesquita, no mesmo padrão dos demais, encontrado nas residências mais antigas da Cidade, ocupadas por famílias portuguesas.


Acima, ladrilho com imagem de N.S. de Fátima, na Av. Manuel Duarte, próximo à linha férrea

 

“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira..” Artigo 216 determina da Constituição de 1988 


Sabemos que Nossa Região clama pela resolução de problemas emergenciais há décadas, desde que deixamos de ser pura e simplesmente o “Recôncavo da Guanabara”, nos dando a equivocada ideia de que cultura pode ficar pra depois. De uma Região produtora de riquezas ao status de local que reúne “Cidades dormitório”, vemos uma história de abandono, preconceito e esquecimento ao longo de décadas. A exploração imobiliária foi mais um exemplo de espoliação dos bens da Baixada, da mesma forma como ocorreu com o início do Império no Brasil, traçando assim, mais um retrato 3x4 de nossa Nação, sempre vista como fonte de renda, até a exaustão de seus recursos naturais. Mesquita, último Município da Região a se emancipar de Nova Iguaçu em 1999, quase uma década após Queimados e Belford Roxo (1990) e Japeri (1991), tendo decorrido um longo tempo desde as anteriores divisões territoriais ( Caxias e Nilópolis, 1943 e 1947 respectivamente), no entanto, todos com a mesma motivação, que seria a autonomia de gestão e melhor direcionamento dos recursos para melhor atender aos anseios dos munícipes.   

Casa do Barão de Mesquita
Um contraponto: construção da piscina do Tênis Clube de Mesquita, tendo ao fundo a sede da Fazenda, a capela e o casarão dos escravos, pertencentes ao Barão de Mesquita.

Era muito comum que no final dos anos 50 os Municípios oferecerem à venda vastas áreas para loteamento, a partir do declínio do período da laranja. Há relatos de um considerável número de moradores da época que se ressentem do distanciamento daquele período em que se via dignidade entre os que aqui viviam. Desde o orgulho de ver a forma seletiva com a qual era escolhida cada tipo de laranja, as quais se envolvia com papel de seda para a exportação, até a qualidade do ensino, do lazer e da moradia que eram oferecidos aos operários da antiga “Companhia Matereaes de Construcção” que margeava toda a linha férrea no lado oposto aos dos laranjais de Mesquita. O apogeu da antiga Mutambó, bem como de todos os Municípios desta Região coincidiu com o grande número de imigrantes (portugueses em sua maioria). Graças a isso então, é possível até hoje perceber em muitos lugares uma arquitetura bem característica das classes populares daquele país, como percebemos nas chamadas “casas de quatro águas”. Essas casas são identificadas seja pela imagem do santo de devoção da família ou mesmo através dos ornamentos nas varandas, incluindo-se aí o memorial da construção desse patrimônio que é a casa própria, devidamente datada ali.

Desde que passou da condição de povoado a 5º. Distrito de Nova Iguaçu, pela lei estadual nº 1472 de 28-04-1952, Mesquita teve seus momentos de glória e declínio. Preservar a memória local deve ser uma prioridade de todos. Moradores, no sentido de socializar documentos importantes de época, do Poder Público, em dar a infra-estrutura necessária para recebimento, acondicionamento e socialização das informações e dos agentes culturais, produtores e historiadores, contribuindo com recursos técnicos entre tantas outras provocações que ofereçam às gerações futuras um o conhecimento de nosso passado e um apreço por nossa memória.